sexta-feira, 1 de junho de 2012

Como me tornei Ateu

Posted by Luiz R. on 16:49

No passado eu acreditava que existia algum deus, mas sempre tive minhas dúvidas. Como seria esse tal deus que eu acreditava?

Desde pequeno minha família me falava que no céu estava um deus me esperando e eu admirava aquilo pensando que algo estava lá. Também me ensinaram que se eu fosse “mal criado” deus ia me castigar. Aprendi o pai nosso e todas aquelas coisas básicas católicas, algo que a maioria das pessoas sabem. Também ia para a Igreja desde criança e curtia as historinhas bíblicas.
Quando criança também fui em uma Igreja Adventista, ali eu via historinhas bíblicas e me ensinavam a obedecer alguns versículos.

Um pouco grandinho, eu frequentava uma Igreja Batista, onde os pastores eram americanos e sempre nos levavam a chácara da Igreja que era chamada de Seminário, ali havia uma piscina e campos de futebol, aprendíamos a mesma coisa, contos bíblicos e versículos.

Em uma parte da minha infância eu frequentei uma Igreja chamada de Comunidade Vinho Novo, foi quando eu comecei a conhecer os cultos de verdade, sem muitas historinhas, o negócio era gritaria e demônios.
Após sair dessa Igreja, eu achei melhor continuar católico, indo aos domingos para missa até minha adolescência.
Eu nunca havia me perguntado por que eu seguia com alguma religião, pra mim isso era normal, como uma cultura que aprendemos desde criança com nossa família cristã.

Quando me tornei adulto, já havia me afastado um pouco da religião, eu conheci novos amigos e estava em uma nova fase de curtição.

Foi quando conheci pessoas que tinham famílias religiosas e a religião voltou a se intrometer na minha vida.

Eu na minha fase adulta, já conhecia a manipulação mental de uma religião específica para quem tinha raciocínio e inteligência fraca. Isso eu me refiro para quem tem educação e acesso a informação, já as pessoas que não tem esse acesso a informações eu as chamo de ignorantes.

Conheci uma menina que frequentava uma Igreja evangélica, um dia ela chegou assustada me dizendo que precisávamos ir para alguma Igreja porque Jesus estava voltando. Percebi o que a religião fazia com as pessoas, colocando o medo na cabeça delas.

Algumas pessoas em um curto período de tempo tropeçaram no meu caminho e depois foram embora.
A religião as levou. E a causa disso foi um tal deus, diferente do meu, que estava conhecendo a partir daquele momento
Em primeiro momento eu pensei que esse deus existia, mas era injusto comigo e não estava nem ai pra mim.
Eu ouvia por ai, “Ah! Isso é da vontade de deus”. Achava que era realmente essa baboseira.
Então eu pensei que se eu o seguisse também iria ter boas recompensas na minha vida. Já que isso era uma falácia que ouvíamos por ai em todos os lugares.

Foi quando comecei a frequentar uma Igreja evangélica, eu estava determinado a virar um crente fervoroso e achava que isso era bonito dentro da sociedade.
Passou-se um tempo, fui a um retiro da Igreja e chegando lá, no ultimo dia eu aceitei Jesus, depois desse retiro fui a um “encontro com deus”.
Eu sempre ouvia falar disso e nunca quiseram me contar o que acontecia ali dentro, na minha imaginação eu acreditava que algo sobrenatural aparecia.
Algo típico de Igrejas evangélicas, até para “encontrar com deus” você tem que pagar, então eu fui...
Lá eu aprendi ainda mais sobre bíblia, aprendi a fingir falar em línguas estranhas e me forçaram a chorar (ou fingir chorar) para pedir perdão aos meus pecados, além de dezenas de testemunhos que ouvia por lá de pastores de outros lugares.

Passei 2 dias, no fundo da Igreja e percebi que esse é o método deles da nossa conhecida lavagem cerebral.

Após sair desse encontro, eu achava que o mundo estava infestado de demônios e que as pessoas que não eram evangélicas estavam impuras, que eles estavam condenados ao inferno e que eu tinha a obrigação de salva-los.
Achava que era dono da verdade e ria deles como se fossem ignorantes que não conheciam nada da palavra bíblica.
O mundo pra mim havia se transformado em um mundo de conspirações querendo me levar pro inferno.
Sim, por um curto período de tempo eu fui um crente retardado.
Depois disso eu me batizei nessa Igreja e achava que iria morrer daquele jeito.
Me disseram que eu não poderia mais me afastar da Igreja ou eu estaria condenado ao inferno.

Eu seguia a doutrina deles, sem sexo, sem se masturbar, lendo a bíblia, orar por alguém antes de namorar, frequentar a Igreja e dar o dízimo.
Sempre prestava bastante atenção na hora do pastor pedir o dízimo, ele usava versículos, sentimentalismo e lábia pra induzir a dar o dinheiro. Eventualmente havia momentos na Igreja que você tinha que dá algum bem seu, algo que você fosse muito apegado, era o momento de fazer o sacrifício para deus.

Na minha visão crítica, já estava captando esses pequenos detalhes dessa e de outras Igrejas que são a mesma coisa.
Eu percebia que na Igreja haviam pessoas mais fervorosas do que eu na hora de cantar e orar, pessoas exaltadas que achavam que era bonito fazer escândalos naquele lugar.
Ví algumas historinhas de amor na igreja de mulheres casadas a alguns anos e estavam com seu marido dentro daquele lugar, com uma vida fanática e sem graça.

Já começava a perceber que aquilo não era o que eu queria.

Eu saí uma vez e tentei pregar para um hippie, disse que ele devia acreditar em deus e ele me respondeu: "deus existe, mas ele não está nem ai pra você". E logo ele foi embora.
Quando cheguei em casa eu pensei no que aquele hippie havia me falado e voltou todo aquele passado na minha cabeça. Fez sentido o que ele havia dito.

Na semana seguinte fui pregar para um amigo que não conhecia nada de religião e ele me respondeu: “Teu deus está dentro de você” essa foi a palavra mais ateísta que já ouvi.

Por ironia hoje em dia ele é crente.

Um dia na igreja, em um culto, ouvi falar que alguns teólogos viraram ateus, essa palavra ateu nem fazia tanto sentido na minha cabeça.
Comentei com um amigo e ele afirmou que um amigo dele havia virado ateu porque aprendeu mais do que deveria e eu não acreditei no que ele havia me falado, achava isso algo repugnante.
Com as manipulações mentais, desculpe, com os cultos que eu frequentava, uma vez eu escutei o pastor dizer que quem não conhecia a palavra de deus ou quem não tinha deus no coração, iria matar, roubar e destruir.
Todas as igrejas evangélicas dizem essa mesma porcaria.
Mas naquele momento isso não veio na minha cabeça, ao contrario, eu achava que se eu realmente deixasse a Igreja e voltasse pro mundo, eu iria matar, roubar ou destruir.
Então nem pensava em deixar a igreja.
Percebi que as ameaças psicológicas seguram as pessoas dentro de uma Igreja evangélica e assim mantém elas como ovelhas, sim, ovelhas em cativeiro são animais com importante valor econômico no mercado.


Dentre tantas maneiras de segurar as “ovelhas” dentro das igrejas evangélicas, onde eu participava, tínhamos um grupo formado por um líder, esse líder era encargado de tomar suas decisões pessoais e não te deixar pensar. Eu sempre criticava isso na minha cabeça e dizia que estavam tirando minha liberdade. Eu pensava que era o diabo na minha mente, mas na verdade era minha liberdade de expressão nascendo. Quando me dei conta de que tudo ali era movido por falácias, percebi que todos eram supersticiosos, menos eu. Acredito que as algemas dessas pessoas nessas igrejas é a superstição de um meio cultural em que sem deus você não consegue nada ou vai sofrer uma desgraça. Eles ficam almejando algum tipo de desgraça com você pra satisfazer o ego deles.
 
Ouvia na igreja sobre pessoas controladas pelo inimigo, pessoas que o satanás tomava conta das atitudes e da vida, aquelas velhas baboseiras das Igrejas. Mas isso eu também acreditei.
Com uma boa experiência de vida pude perceber que na Igreja cada deus é individual, ou ele sofre uma mutação para cada pessoa.

Criar um deus é tão fácil, ele sempre vai ser tudo aquilo que você quer de bom, já o “ruim” é só jogar a culpa no diabo.
As pessoas, sem nenhum método racional, costumam acreditar naquele deus papai noel que aprendemos quando criança, aquele que está no céu nos monitorando com sua onipresença, tomando conta e atendendo nossos pedidos a todo momento.
Eu percebi que esse deus paralelo no qual eles acreditam tem a mesma vaidade dos deuses gregos.
Se você o desobedecer, vai sofrer uma desgraça e ir pro inferno, o tornando assim, um deus malevolente.
Existe outro tipo de deus, aquele misericordioso e benevolente até o ponto em que você o desobedecer, vai deixar o diabo brincar com você até você se render a sua Igreja novamente.
Outro tipo de deus é aquele da consciência, que tudo o que satisfaz seu desejo, foi porque deus quis assim. Como pessoas hipócritas que acreditam na própria hipocrisia.
Todos esses pensamentos vinham na minha cabeça, mas eu ainda estava muito longe de ser ateu, foi quando eu me afastei da Igreja, mas meus amigos de lá não sabiam o que se passava pela minha cabeça.
Desde pequeno sempre fui fascinado por ciência e sempre gostei de cálculos, meu cérebro sempre foi estimulado a raciocinar.
Depois de meses afastado eu ainda mantinha minhas orações antes de dormir e ainda acreditava em baboseiras sobrenaturais.

Um belo dia pesquisando sobre ciência me deparei com uma postagem de uma revista sobre a origem da bíblia, a partir disso, eu entrava em uma nova vida. Pesquisei ainda mais e comecei a ler com uma sede de aprender cada vez mais no que eu havia me deparado. Eu passava horas e horas lendo O Egito antigo, livros de histórias, vendo reportagens e lendo tudo sobre a origem da religião entre outras coisas focadas no mesmo assunto sobre deuses.
Também comecei a ler os livros apócrifos e entender mais sobre o que a bíblia não explicava.

Eu costumava ficar até de manhã pesquisando, amanhecia lendo e colhendo informações, antes eu não tinha o hábito de ler tanto, mas tudo na minha vida vinha fazendo sentido, era o sentido real.
Eu lembro que nesses momentos eu fiz a minha ultima oração e pedi ao deus imaginário para eu não desacreditar nele. Eu não sabia como minha mente iria reagir com aquela novidade.
No mesmo dia em que eu fiz minha ultima oração, acordei ateu. Não tive nenhuma fase agnóstica, eu acordei ateu.
Eu me sentia tão bem e tão ruim ao mesmo tempo porque eu não sabia como me dar com aquilo e como eu iria revelar isso as pessoas.
Eu achava que os ateus eram menos de 1% da humanidade, então eu comecei a procurar mais ateus na internet.
Foi quando eu encontrei muitos ateus e todos eles se pareciam comigo, as mesmas histórias, os mesmos pontos críticos, os mesmos pensamentos e todos eram inteligentes.

Eu precisava me costumar com aquela nova fase da vida, era a fase da verdadeira libertação.

Comecei praticando as próprias leis que eu criei para mim em não falar mais nada sobre deus, em excluir as falácias do meu dicionário.
Comecei a investigar os barulhos que vinham debaixo da minha cama, os barulhos na cozinha e na casa toda. Eram gatos ou até mesmo baratas o tempo todo fazendo barulho, coisa que a religião havia metido na minha cabeça que eram fantasmas, espíritos, assombrações ou demônios.
Comecei a viver melhor, sem medo do futuro apocalíptico, sem medo dos destinos cruéis que haviam colocado na minha cabeça.
Comecei a ter mais motivos para viver e saber que nada de imaginário iria interferir na minha vida, somos responsáveis pelos nossos atos.

Sou ateu, sou normal, não preciso ser malvado, não preciso ser bonzinho, não preciso ser egoísta, não preciso me sentir superior para ser racional.

As vezes olho pro céu e vejo o quanto é bom estar aqui, o quanto é bom respirar, o quanto é bom sentir esse prazer de viver e que nada disso vem de um pai telepático.
Eu penso no Big Bang, na formação das galáxias, do Sol, na escala de tempo geológico, nos éons, nas eras, nos períodos, nas épocas,  nas catástrofes que a Terra passou para eu então, chegar até aqui.

Atualmente quando vejo pessoas falarem de deus me dá uma vontade mostrar que isso não existe. Não querendo entrar em debate porque meus argumentos são direcionados a razão. Mas me incomoda ver argumentos irracionais motivados por "fé".

Gosto de ajudar as pessoas, sinto um imenso prazer em ver que fiz bem a alguém, não esperando por recompensas divinas, nem pessoais, sou grato por ser voluntário.

Durante essa jornada de vida eu continuo aprendendo e inovando meus conhecimentos, no mundo científico e na sabedoria de vida

Aprendi a ser justo e não hipócrita com as pessoas,  ninguém é perfeito, somos animais racionais e temos os mesmos instintos. Não tenho medo da morte e consigo suportar o fato de que estamos aqui numa época privilegiada onde todos teremos o mesmo final.

Algumas pessoas não aceitam o fato de que são religiosas, mas acreditam e seguem o chamado Jesus. Se dizem "seguidoras" da filosofia de Cristo e acreditam nas "profecias", além de alguns seguirem doutrinas e freqüentarem cultos, mas ainda sim, se dizem não religiosos. Talvez por não gostarem da palavra religião ou devido a falta de conhecimento.

Hoje me sinto grato e feliz pela informação que consegui com a minha sede de curiosidade e livre de uma hipócrita, manipuladora e patética religião.

"A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original." Albert Einstein

Luiz R.

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